sábado, abril 14, 2007

Tempos modernos

Antigamente, ao se embarcar em vôos domésticos, perguntavam se você estava armado. E se estivesse parece que o piloto levava a dita em custódia. Depois aboliram facas, canivetes e afins. Chegou o momento de proibir ferramentas – vai que um louco resolve desparafusar o avião durante o vôo –, isqueiros e cortadores de unha. Nunca entendi a proibição dos cortadores de unha. Sim, aquelas terríveis armas. Imagino quantos homicídios já foram cometidos com estes cruéis utensílios.

A última, desde o ano passado, foi proibir líquidos, gels, sprays, inclusive perfumes e desodorantes. Deviam chamar a “Lei da Nhaca”, cheiroso não entra, e se entrar não fica.

Imagino o que vem pela frente. Mas ressalvo que futurologia não é a minha praia. É coisa para profissionais como economistas, videntes, pais-de-santo, e é claro, a mocinha da previsão do tempo.

No futuro pode ser assim:

- O quê você comeu hoje? (feijoada não entra, e ainda citam a convenção de Genebra sobre armas químicas).

- Você já passou na fila do raio-x? (vai que alguém resolve engolir o cortador de unha para cometer um atentado).

- Você assistiu a algum noticiário nas últimas horas? (incitação à violência não).

- Qual o resultado do seu psicotécnico? (doido só com atestado).

- Qual a sua opinião sobre o governo dos Estados Unidos da América? (“Veja bem...”)

- Você já cagou hoje? (e o cortador de unhas, onde foi parar?!?)

- Você já usou drogas, nesta ou noutra vida? (é melhor garantir a abrangência da pergunta).

E a lista continua.

E finalmente haverá o dia em que check-in de vôo internacional comecará 24 horas antes do embarque. Quarentena no aeroporto. Dieta e reações controladas.

Primeira classe: suíte

Classe executiva: poltrona de couro reclinável

Classe econômica: banco de aeroporto

PS: nóis sofre mas nóis goza, Zé Simão.