segunda-feira, outubro 30, 2006

História com dragão é mais legal


Talvez eles ainda não tenham descoberto, mas sou um estranho em suas terras. De onde venho as mulheres caminham, as sereias nadam, mas nenhuma delas voa. Lá também há apenas um Dragão de verdade, mas só um santo brinca com ele, e na Lua. Crianças nem adultos são permitidos.




A memória do futuro será toda virtual?

Escher


Ao meu neto preferido, no leito de morte, lhe deixarei as minhas memórias, músicas, fotos, vídeos, imagens tridimensionais holográficas etc, tudo gravado naquele pedacinho de silício.

Com aquilo que lhe sobrou do existencialismo de Sartre, ele busca uma loja de antiguidades. Compra uma dessas geringonças que ainda leêm códigos-fonte de anos atrás.

Chega em casa de posse da máquina. Procura um canto onde repousá-la, liga, procura um lugar para se sentar, serve-se de um relaxante, se ajeita no sofá e assiste. Vê vídeos de sua infância. Certo de ser humano, desliga e deita-se. Ainda pensa no avô, sorri, e fecha os olhos.

Caetano virou Professor



A cabeleireira grisalha impunha respeito. Agrege-se à isto aquele olhar de sabedoria. E os óculos de armação fina ali na ponta do nariz,... estava um arraso, como ele mesmo diria. E acho que não via os fiéis súditos na platéia. Permitia apenas que do seu, emanasse o olhar.

Era feliz por saber que Caetano era Brasileiro, que era Bahiano, que era de Santo Amaro da Purificação. Imagino que Santo Amaro, casa de D. Canô, seja o menor dentre os maiores municípios tupiniquins.

Me perdoem o pedantismo, mas é que Câmara Cascudo tinha razão: o brasileiro ainda é a melhor coisa que esta terra dá.


PS: o sapo nos convida para + 4 anos no brejo. ;-(

Pensamentear

Soltem os loucos! Nós precisamos deles ao nosso redor.

Assim saberemos que somos normais.

Mas não se esqueçam de deixá-los facilmente identificáveis.

Assim não nos confudiremos.

terça-feira, outubro 03, 2006

Dadá e o sapo

“Se macumba ganhasse jogo,
campeonato bahiano acabava empatado”.
Dadá Maravilha, a.k.a. Dario José dos Santos

Começo a duvidar da onipotência de “Seu Dadá”. Logo eu que quase o considero santo, um dos santos do nosso futebol e de nosso folclore. Noto que Dadá é daquelas figuras que só poderiam ter nascido no Brasil, ou melhor, em Marechal Hermes no Rio de Janeiro. Se não exisitissem nossas paragens tupiniquins, do jeitinho que elas são, Dadá não existiria. É mais ou menos aquela história de que “os Desuses só existem se você acreditar neles”. Mas há a Terra Brasilis e há Dadá. Mas Dadá hoje é menos Deus do que ontem. Explico melhor.

Tem gente séria por aí que estuda como teorias, científicas por exemplo, evoluem. Em particuar quando há “ruptura de paradigmas”, como diria um destes estudiosos, Kuhn, é que há o surgimento de novos modelos. Teorias, que oferecem uma forma melhor de explicar aquele fenômeno. Usualmente estas rupturas aparecem quando uma teoria prediz um certo fenômeno, e provas e experimentos distintos começam a produzir resultados não condizentes com a teoria. Se o prejuízo for pequeno dá para fazer um “remendo” na teoria e continuar a tocar a vida, mas se o buraco for grande, então o jeito é colocar aquela teoria “fora-de-linha” e chamar outra para "rodar".

Nem acreditei quando acordei, manhã aqui, noite aí. Fui dormir meio mais ou menos depois de uma longa noite em vários bares, e triste pelo futuro cinzento que pairava sobre a minha cidade-natal. Mas ao contrário do que dizia Dadá, parece que macumba ganha jogo sim, até na Bahia. Afinal, tente algum santo me explicar como diabos o Paulo Souto conseguiu perder, onde já estava "tudo ganho", e o “picolé-de-chuchu" desdenhou das pesquisas e chegou bem na frente de todas. E tirou o doce da boca do príncipe - quer dizer, sapo.

Torço para Dadá continuar errando, tudo bem que depois da eleição a gente renegocia o passe celestial dele, arranjo um indulto etc, mas por enquanto vamos cuidar para que o príncipe receba o beijo da morte, vire sapo, e volte para o brejo, lá para o fundo do brejo.

segunda-feira, outubro 02, 2006

Despedida

Corto os pulsos. Saltam as veias. Por um instante consigo perceber onde foram seccionadas pela låmina. Então, já não via, a não ser a vida que me escorria por ali. O chão começa a ficar molhado. Um fio de sangue alcança um dos dedos do pé. Sinto um calafrio. O corpo começa a amolecer. Procuro me ajeitar na cadeira - um fio de dignidade ou orgulho talvez. Os pensamentos se tornam confusos. Será o princípio irreversível do fim? Esta manhå quando acordei nåo pensava que a noite terminaria assim.Tudo terminara. Nunca pensei na morte, talvez pos isto meus pensamentos se assombravam de si mesmo. Já nåo pensava no futuro, projeções, conjunturas, cenários, nåo mais. Revivia o passado, a uma velocidade incomensurável. Minha mente insistia em exibir este filme mais uma vez. Sarcástica, ela passava o filme a seu modo próprio. Começara do início, tenra idade. Escolhia crieteriosamente em quais passagens se deter por uns momentos a mais. Confuso no início, logo entendi sua lógica: escolhera os momentos mais felizes da minha vida. Suspirei aliviado longamente, talvez o meu último suspiro. Valera a pena ter vivido. Meus algozes, bem, eles venceram esta batalha. E meus olhos se fecharam para este mundo.

Segue e Tanto



No recanto do meu canto,
Choro tanto que fico tonto.
Santo é o momento
Que vou pronto e fico santo.
Num ponto,
O encanto emana do santo pranto.
Seco, no entanto,
Promete derramar no próximo pranto.
Desisto de tanta dor no meu canto.
Segue seco tanto sofrimento.