Menino de rua. Dividíamos a calçada, a amizade frágil, comentários desconexos e fones de ouvido. Me encantei com seu sorriso e como agia com as outras crianças. Parecia justo e amigo.
O nome era inequívoco: Gate (to/from where?!?...). Não me arrisquei a perguntar a origem. Escrito em Khmer fazia mais sentido.
Me surpreendia com a fluência em inglês deste e dos outros guris. Me contou dos seus 10 anos de vida, dos dois irmãos e duas irmãs. Me garantiu ainda que ia à escola todos os dias, apesar da finalidade obscura. Vivia de vender livros. Às vezes vendia dois por dia, raras vezes mais de três, e às vezes nenhum.
Não comprei os livros piratas que vendia. Além de papo-furado, duas Coca-colas e umas músicas do Led Zeppelin, complementei com um dólar, por via das dúvidas.
PS:Infecção ótica ou cardíaca?.