quarta-feira, novembro 28, 2007

Fusion cuisine: às vezes dá certo misturar, noutras vezes… (2)


Ou foi o sol no caminho de volta, ou foi o pepino no caminho de baixo. Fato consumado, é que passado quarenta anos desde aqule fatídico dia o 'Velho' não podia nem olhar para o dito sem ânsia de vômito. E logo ele que gabava-se à mesa de "comer de tudo", ou melhor, quase tudo.

É como eu dizia, às vezes dá certo misturar, noutras vezes…

Para alguém que como ele julgava fatada de bode, ou salmão defumado, iguarias únicas, a pecha do pobre pepino soava grotesca.

Empunhando a curiosidade ímpar e sagacidade que possuem as crianças, lancei ainda cedo o questionamento ao ‘Velho’ sobre o porquê da birra contra aquela inocente leguminosa de sabor tão delicado.

Entre várias caretas ele me contou a paródia. Adolescente, morava no interior da Bahia. Era festa do padroeiro da cidade. Decidiu, junto com os amigos, caminhar até a fazenda do pai, e voltar com alguns cavalos para participar do desfile. Depois de algumas horas de caminhada, debaixo do sol sertanejo que por aquelas bandas alcança, e sobre a areia que consome um pedaço mais cada vez que o pé afunda, uma combinação maldita, frisou, chegaram à fazenda. Para quem tinha a esperança de encontrar a mulher do caseiro, e uma galinha gorda que aplacasse a fome, a visão da casa fechada e vazia foi trágica. Arrombada a porta só encontraram banha, sal, farinha, e o tal do pepino. Enquanto alguns buscavam os cavalos e cuidavam das selas, o ‘Velho’, que já era dado a cozinheiro desde aquele tempo, ficou por ali mesmo misturando no fogão de lenha o pouco que havia. Pronta a gororoba, se puseram ávidos a ingerir aquilo que acalmaria a fome trucidante. E assim foi feito, até o último pedaço.

No caminho de volta ainda podiam contar com o sol sobre a cabeça, mas salvavam-se os pés, ora substituídos pelas patas eqüinas. Quando alcançaram a cidade, ansiosos por um banho, e uma farda bonita para o desfile, despediram-se. E cada um para o seu lado seguiu, com vistas a encontrarem-se mais tarde à frente do desfile.

Bem, este era o plano, sussurrou o velho, enxugando o suor da testa, trazido pela lembrança amarga. Conseguiu chegar em casa ainda a tempo de alcançar o banheiro. Poderia ter sido mais humilhante, imagine só a cena ainda piorada de calças com aquelas manchas inconfundíveis que por vezes juntam-se ali pelas costuras e dobras, grifou ele. Horas, e dias, se seguiram àquele martírio inicial. Epasmos, contrações, dores, suores, tonturas, febres etc, dava quase um compêndio médico a ladainha. Ora por vias gástricas abaixo, ora pelas vias superiores, fato é que quase nada sobrou naquele corpo magro ao fim dos dias de sofrimento.

Com o tempo conseguiu recuperar-se da paúra da farinha, banha e sal. No entanto, a mera menção da palavra ‘pepino’, diga lá a visão de um deles, era suficiente para fazer o estômago dar umas cambalhotas.


"És um senhor tão bonito, tempo, tempo, tempo"... (CV)




Aquela poderia ser mais uma manhã como outra qualquer. Eis que o sujeito desce na estação do metrô. Vestindo jeans, camiseta e boné, encosta-se próximo à entrada, tira o violino da caixa e começa a tocar com entusiasmo para a multidão que passa por ali, bem na hora do rush matinal. Mesmo assim, durante os 45 minutos que tocou, foi praticamente ignorado pelos passantes. Ninguém sabia, mas o músico era Joshua Bell, um dos maiores violinistas do mundo, executando peças musicais consagradas num instrumento raríssimo, um Stradivarius de 1713, estimado em mais de 3 milhões de dólares. Alguns dias antes Bell havia tocado no Symphony Hall de Boston, onde os melhores lugares custam a bagatela de 1000 dólares.


A experiência, gravada em vídeo, mostra homens e mulheres de andar ligeiro, copo de café na mão, celular no ouvido, crachá balançando no pescoço, indiferentes ao som do violino. A iniciativa realizada pelo jornal The Washington Post era a de lançar um debate sobre valor, contexto e arte. A conclusão: estamos acostumados a dar valor às coisas quando estão num contexto. Bell era uma obra de arte sem moldura. Um artefato de luxo sem etiqueta de grife.

(...)

Tempo.
Talvez um luxo para a mulher que surgiu apressada na escada rolante daquela manhã no metrô de Washington, segurando a mão de seu filhinho de 3 anos. O menino aparece no vídeo virando a cabeça várias vezes, tentando olhar para o violinista, enquanto é puxado pela mãe. Queria parar um pouco para ouvir a música. Mas a mãe estava sem tempo.

por Marcia Bindo

domingo, novembro 18, 2007

Outono





As folhas caídas, árvores nuas, e outras cobertas com distinto matizes de amarelo, me dão conta de que já é outono. Pássaros também quase não os vejo mais, restam apenas os pombos . É outono, avisam com a sua ausência. O sol destas
paragens, no entanto, ainda esquenta meu couro. Vale.

sábado, novembro 17, 2007

Orgias

- Alô?

- Alô cara, beleza?!?

- Ôpa, tava esperando tua ligação. Tudo certo pro bacanal?

- Tudo sobre controle. Acabei de passar o último treino com o pessoal todo reunido.

- Faltou alguém?

- Um casal de anões, três odaliscas núbias e o dromedário.

- Pô, logo o dromedário?

- Pois é, só tinha camelo disponível.

- Mas aquele camelo brocha do ano passado foi uma tragédia.

- Eu lembro, não teve catuaba, pílula azul, chute no saco ou zebra virgem que desse jeito no desgraçado.

- Mas zebra virgem também, fala sério...

- Tu esperavas o quê? Que eu arranjasse uma camela virgem às duas da manhã?!?

- Tudo bem que nós tentamos. Ainda bem que tinha aquele teu primo tarado que arranjou a zebra virgem. Ele vem este ano de novo?

- Tá maluco? Esqueceu que tivemos que acorrentar aquele doido no estábulo?

- É verdade. Quando chegamos lá ele já tinha violentado duas ovelhas, faturado a égua e estava encarcando no pobre do jumento.

- É mesmo, nem o jerico escapou.

- E o tarado ainda papou a zebra virgem no dia seguinte.

- É, já que o camelo não quis...

- E o trabalho que deu para devolver para o circo, tu lembras?

- O veterinário sem saber se a zebra estava grávida e que bicho ia nascer dali. Ia ser teu sobrinho...

- Pô, nem brinca com estas coisas.

- E a segurança?

- Confirmado, forças especiais do lado de fora, e 98 eunucos na área interna.

- Mas não eram 100?

- Dois não passaram no teste, sentiram cócegas.

- E qual maluco você arranjou para fazer o teste com os eunucos?

- Lembra daquela bicha desvairada que era meu vizinho?

- O que foi fantasiado de ambulância no revéillon na tua casa?

- O próprio, com aquela lanterna piscando na testa, imitando sirene, e a roupa branca e vermelha aberta atrás.

- E ele correndo pela casa com a sirene e a lanterna, enchendo o saco de todo mundo que estivesse fantasiado de médico ou doente, e mandando entrar na ambulância pela porta dos fundos.

- Até teu cunhado que estava de Frankstein ele pertubou.

- Pois é, nem o Frank escapou.

- E o quê que você ofereceu para ele aceitar o trampo?

- Uma grana e disse que ele podia ficar com cada pinto que ele achasse no teste.

- Então ele se deu mal. O que diabos ele vai fazer com dois meio-eunucos?

- Sei lá, mas ele também ficou desconsolado e pediu uma caixa de pilhas para o vibrador e um balde de graxa.

- Pô, balde de graxa é demais.

- E você queria que eu fizesse o quê, que eu fosse no lugar dos eunucos? Tá maluco?

- Você tem razão. Te vejo à noite. Viva as odaliscas núbias!

- Abraços. Viva as núbias!

PS: inspirado no Veríssimo.

Mapamundi



Mapa mundi baseado em Ptolomeu, Geografia.

sexta-feira, novembro 16, 2007

Som Barato

GENIAL ESTE BLOG!

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Extraia o sumo