segunda-feira, maio 28, 2007

The End


Os vestígios dos antigos dissabores românticos se escondiam entre cartas apaixonadas, discos do Pixinguinha deixados para trás, ou eventualmente uma foto emoldurada na sala. Hoje nossas reminiscências de amor são encontradas em pedacinhos de silício dentro da máquina digital.

Esqueci-me de deletar os zeros-e-uns que contêm o teu sorriso.


domingo, maio 27, 2007

In my dreams only


Sitting in a chair, going through my own reminiscences, found her image. If she was still alive, she might have written:

I tried to hide my desires for him behind my fears and concerns, until today. Today we made love again. It was not like the first time. The intensity, the flesh, the passion, the sweat, were all the same. The pleasure of his kiss, the warmth of his hands, the incredible feeling when he first went inside, the sensation of looseness that followed, were also the same. But today we had more time to know each other, to savour each other, to discover each other.
The night didn't start well. A senseless discussion about a senseless matter. I argued with him, and repeatedly made clear that I didn't want his countless kisses, his close attention and his soft touches. I lied. I was confused. My heart, still divided between past and future, held the infamous bridge that caught me. I was a prisoner of my own sentiments, aspirations and desires.
I finally succumbed to his charm. It was something in his eyes that I could not elucidate, but which still made me ebrious.
The bridge still existed. But a dash of courage and a sac of desire made me cross it. And once again I gave myself to him; every inch of my body belonged to him; every portion of me was touched by him; sometimes by his strong hands, other times by his tongue that covered my body; still in other occasions the rest of his body rubbed over me as if cleaning myself from previous encounters, as if in preparation for a divine ritual.
My soul had displaced off my body, in a state of mercurial ecstasy. Sometime later, I returned, and could only notice the wet body of my warrior laying over mine, still breathing vividly in my ears.
But I must confess, she never died. And she has never lived, only in my sweetest dreams.

quinta-feira, maio 17, 2007

Blood diamond




Sempre achei o DiCaprio um ator medíocre, até ver este filme.


terça-feira, maio 08, 2007

Orgias

- Alô?

- Alô cara, beleza?!?

- Ôpa, tava esperando tua ligação. Tudo certo pro bacanal?

- Tudo sobre controle. Acabei de passar o último treino com o pessoal todo reunido.

- Faltou alguém?

- Um casal de anões, três odaliscas núbias e o dromedário.

- Pô, logo o dromedário?

- Pois é, só tinha camelo disponível.

- Mas aquele camelo brocha do ano passado foi uma tragédia.

- Eu lembro, não teve catuaba, pílula azul, chute no saco ou zebra virgem que desse jeito no desgraçado.

- Mas zebra virgem também, fala sério...

- Tu esperavas o quê? Que eu arranjasse uma camela virgem às duas da manhã?!?

- Tudo bem que nós tentamos. Ainda bem que tinha aquele teu primo tarado que arranjou a zebra virgem. Ele vem este ano de novo?

- Tá maluco? Esqueceu que tivemos que acorrentar aquele doido no estábulo?

- É verdade. Quando chegamos lá ele já tinha violentado duas ovelhas, faturado a égua e estava encarcando no pobre do jumento.

- É mesmo, nem o jerico escapou.

- E o tarado ainda papou a zebra virgem no dia seguinte.

- É, já que o camelo não quis...

- E o trabalho que deu para devolver para o circo, tu lembras?

- O veterinário sem saber se a zebra estava grávida e que bicho ia nascer dali. Ia ser teu sobrinho...

- Pô, nem brinca com estas coisas.

- E a segurança?

- Confirmado, forças especiais do lado de fora, e 98 eunucos na área interna.

- Mas não eram 100?

- Dois não passaram no teste, sentiram cócegas.

- E qual maluco você arranjou para fazer o teste com os eunucos?

- Lembra daquela bicha desvairada que era meu vizinho?

- O que foi fantasiado de ambulância no revéillon na tua casa?

- O próprio, com aquela lanterna piscando na testa, imitando sirene, e a roupa branca e vermelha aberta atrás.

- E ele correndo pela casa com a sirene e a lanterna, enchendo o saco de todo mundo que estivesse fantasiado de médico ou doente, e mandando entrar na ambulância pela porta dos fundos.

- Até teu cunhado que estava de Frankstein ele pertubou.

- Pois é, nem o Frank escapou.

- E o quê que você ofereceu para ele aceitar o trampo?

- Uma grana e disse que ele podia ficar com cada pinto que ele achasse no teste.

- Então ele se deu mal. O que diabos ele vai fazer com dois meio-eunucos?

- Sei lá, mas ele também ficou desconsolado e pediu uma caixa de pilhas para o vibrador e um balde de graxa.

- Pô, balde de graxa é demais.

- E você queria que eu fizesse o quê, que eu fosse no lugar dos eunucos? Tá maluco?

- Você tem razão. Deixa pra lá. E as diversões, alguma novidade?

- Tem algumas, mas eu estou apostando naquela inspirado nos quadrinhos.

- Vai ser um sucesso. Vai ter gente fazendo fila para pegar um anão besuntado,...

- E mergulhar no caldeirão de fondue!

- Só quero ver depois do fondue...

- Ou pior, se o anão cair dentro do pote.

- Como anão sofre.

- Pois é. Te vejo à noite. Viva as odaliscas núbias!

- Abraços. Viva as núbias!

PS: inspirado no Veríssimo.


sexta-feira, maio 04, 2007

Nada


Guernica, by Picasso


Dizia-se dele: era tão triste e tão preguiçoso que gastou a vida inteira para matar-se. Não buscou outro que o fizesse. Entreteu-se a si mesmo com o sórdido trabalho. O fazia com pouca continuidade, sem nenhuma paixão, esforço ou desejo. Fazia-o porque havia de ser feito, diria a si mesmo se ousasse ter perguntado. Mas nunca o fez, e não mais o fará. Não era de arroubos, ousadias ou destemperamentos. Tinha sobretudo uma preguiça de sê-lo, ou de qualquer outra coisa ser. Preferia o nada. Nada ser, nenhum título a ostentar, nem amores passados ou presentes. Do ócio, a manutenção, mínima necessária. Abandonara o nome também, há muito, era assim mais fácil não explicar de onde vinha, muito menos para onde iria. Assim levou, assim foi levando. Buscava nada aprender, para nada ter que lembrar. Pouco esforço fez para manter as imagens, gostos, cheiros do passado. Tudo era passado. O passado era etéreo, mercurial, foi-se logo também. O passado não é e nunca lhe foi nada. Nada de devaneios sobre origem, tramas, ideais, ilusões. Nada. Na derradeira hora ainda pensou em buscar um copo d’água gelada, mas de que serviria matar a sede? Desperdício do tempo que escorria, últimas gotas. Ou seriam os últimos grãos de areia na ampulheta? Foi, no dia em que a tristeza alegrou-se, vencera a preguiça. O sol raiou, o sol se pôs, também não deu pela sua falta ao partir. Quem daria? Amigos nunca os teve, parentes não passavam de um espaço vazio no escaninho da sua mente. Espaços vazios, espaços vazios, espaços vazios... a única presença que ocupava era de seu corpo magro, maltrapilho, cuja silhueta e cheiro fétido abriam espaço onde passava. Talvez dissessem algo dele, ou para ele, mas nunca os escutava. Eram do lado de lá, do lado de fora de si, sem importância, sem ter que ser. Se parasse teria que ouvir, replicar, ouvir novamente. Não, não seria o caso. Para quê afinal? Não era nunca nada. Nada, nunca. Não tinha com bichos ou crianças. Não tinha que ter com ninguém. Infanticídio teria sido mais curto, mas não disse a nenhum que o fizesse. Não podia ter com outros. Tinha um muro, onde se recostava, onde descansava sua preguiça de nada ser. E deste não fazia questão de sair. Levava-o dentro de si. Talvez tenha sido seu maior esforço em vida, seu muro imaginário. Dos poucos pensamentos que engendrou, houve uma pequena curiosidade, passageira, do corpo que carregava, e das chagas e pústulas que se seguiram. Como ousava funcionar, dar de si, sem sua autorização, sem seu consentimento? E não havia sequer uma alavanca fácil de empurrar que desligasse o motor... seguia como o bondinho com seus fios e cabos ligados a algo que o fazia andar, sem nenhum motor à vista que cuspisse fumaça. Nunca soube como, nunca quis saber destas coisas. Coisas sem importância para alguém como ele. Sabia não ser nada especial, nem especial em nada. Se livros tivesse lido diria ou pensaria em palavras, mas estas demoravam em chegar, em ler, em experimentar. Manuseva imagens, sons e cheiros, simples como o resto de si. Nada tinha na memória, que lembrar, nada tinha na alma, que sentir. Não sentia frio, tristeza, fome, solidão, nada. Se pensasse talvez imaginasse que fosse a mesma arbitrariedade que fazia seu corpo funcionar, sem o seu consentimento. E tirar-lhe a vida, desligar a máquina, baixar a alavanca que não sabia existir, demandaria esforço, e de nada valeria. Nada fez para viver, nada fez para morrer. Foi, um dia.


Copo vazio, cadeira vazia




Copo Vazio

É sempre bom lembrar
Que um copo vazio
Está cheio de ar.

É sempre bom lembrar
Que o ar sombrio de um rosto
Está cheio de um ar vazio,
Vazio daquilo que no ar do copo
Ocupa um lugar.

É sempre bom lembrar,
Guardar de cor que o ar vazio
De um rosto sombrio está cheio de dor.

É sempre bom lembrar
Que um copo vazio
Está cheio de ar.
Que o ar no copo ocupa o lugar do vinho,
Que o vinho busca ocupar o lugar da dor.
Que a dor ocupa metade da verdade,
A verdadeira natureza interior.

Uma metade cheia, uma metade vazia.
Uma metade tristeza, uma metade alegria.
A magia da verdade inteira, todo poderoso amor.
A magia da verdade inteira, todo poderoso amor.

É sempre bom lembrar
Que um copo vazio
Está cheio de ar.

by Gilberto Gil


Anda fogo! Corre chama! Queima tudo! Leva a cinzas o que já foi carne. Transforma em calor e pó o que já foi vida. Hoje sei que nada sei. E de nada saber não sei se há vida pós-morte. Hoje senti tua falta. Senti falta das tuas palavras, dos sonhos, dos risos, das lágrimas. Falta das alegrias compartilhadas, das tristezas embriagadas. Ainda tenho o teu cheiro de carne queimada nas entranhas. Não sei se nunca chegarei a tirá-lo de dentro de mim. Talvez não, quem sabe tua última lembrança. Não é fraterno e carinhoso como teu abraço mas vale assim mesmo. É uma sinapse apenas. Uma dentre bilhões de outras que me fazem recordar a senha do banco, ou a cor do meu carro. Mas essa me faz sorrir. Não, não sei se há morte após a vida, mas meu sonho é mais doce com esta ilusão de nos encontrarmos novamente.




Deus Sol, Deusa Lua



ny Robert LaDuke


Não confies na lua, ela não tem horas certas de ser como o sol. É mutante em suas formas, cores e trajetórias. Não lhe cabe o sentido de ser, de vir, luzir e se ir. Há dias que vem. Há dias que falta. Há dias que brilha forte. Há dias em que aparece discreta, quase sem querer aparecer. Dê-se ao sol, que este há de te cuidar melhor, com calor, com atenção, com destino certo, com horário certo. E se quiser mesmo voltar a vê-lo no mesmo lugar terás que esperar um ano apenas. E o que é um ano para uma vida inteira? Um tempo breve de ser. Vem comigo, vamos ter com o sol. Esquece-te de embriagar-se com a lua que engana ser grande quando esbanja-se na noite. Deixa-a lá. Esquece-se dela. Não te acalentarás o corpo ou a alma frios. Ilude-te. Vives-tu da realidade que o sol traz. Vem comigo. Vamos caminhar sob o sol e dar-lhe nossa pele para que doure, tal qual plantas e suas folhas, ou como os pássaros lhe dão seu canto cedo, mesmo antes dele cá vir. Vem comigo ser o sol. Vem brilhar.

quarta-feira, maio 02, 2007

Aganjú

Te esperei na lua crescer
Ví cadeira boa sentei
Espirrei na tua gripei
Por ficar ao léo resfriei

Você me agradou me acertou
Me miseravou, me aqueceu
Me rasgou a roupa e valeu
E jurou conversas de deus

Aganjú, Aganjú, Aganjú
Aganjú, Aganjú, Aganjú

Quem sabe a labuta quitar
Sabe o trabalho que dá
Batalhar o pão e trazer
Para a casa o sobreviver

Encontrei na rua a questão
Cem por cento a falta de chão
Vou rezar prá nunca perder
Essa estrutura que é você

Aganjú, Aganjú, Aganjú
Aganjú, Aganjú, Aganjú


by Carlinhos Brown


PS: E na versão lounge da Bebel (Latin remix) ficou um arraso!

http://radio.terra.com.br/busca/musicas.php?musica=Aganj%FA

Conectado com Deus


by Michelangelo


Procissão

by Gilberto Gil

“(...)
E Jesus prometeu vida melhor
Pra quem vive nesse mundo sem amor
Só depois de entregar o corpo ao chão
Só depois de morrer neste sertão
Eu também tô do lado de Jesus
Só que acho que ele se esqueceu
De dizer que na terra a gente tem
De arranjar um jeitinho pra viver
Muita gente se arvora a ser Deus
E promete tanta coisa pro sertão
Que vai dar um vestido pra Maria
E promete um roçado pro João
Entra ano, sai ano, e nada vem
Meu sertão continua ao Deus-dará
Mas se existe Jesus no firmamento
Cá na terra isto tem que se acabar.”



Fui ter com os Deuses. Não que houvesse um plebiscito mundial para escolher um representante da humanidade para tal tarefa, nem tampouco era eu candidato oficial. Ocorreu naturalmente, rodada de bar, os amigos ali reunidos, copos pela metade, sobriedade idem, engedraram a trama. Começou com um Corinthiano – Corinthiano é fogo – “vai lá, fala com Deus, você fala bem em público, conhece muita gente, tenta ver o que você arranja, qualquer melhoria é bem-vinda. Como está é que não dá”. Outros se seguiram, e à medida que as garrafas secavam o coro aumentava. Mais gente ia juntando. O portuga dono do bar, feliz com o movimento extra, começou até a me oferecer uns bolinhos frescos de bacalhau, por conta da casa. O negócio virou quase comício, gente se amontoava à porta para ver o que se passava. A maior parte dos transeuntes quando se inteirava que tinha um que se propunha a interceder junto à galera do andar de cima, pedia uma gelada e gritava alguma coisa de apoio lá do fundo. Quando ouviam que não tinha dízimo a ser recolhido, pediam mais uma e apoiavam mais efusivamente a empreitada. Eu dizia que não, argumentava que havia melhores quadros no partido, fiz das minhas para me livrar da tarefa, mas não teve jeito, fui aclamado quase que por unanimidade. À exceção de um que se embriagava de gin e gritava: “ruim, por ruim, vote em mim”. Saí de lá chumbado, mas eleito, aclamado. Não me deixaram sequer pagar minha parte do induto ao portuga. Fiquei na dúvida se o faziam por apego à causa, ou se já vislumbravam alguma possibilidade de tráfico de influência.

Cheguei em casa trôpego e ansioso por dividir a novidade. Comuniquei a nomeação à patroa. Ela não deu muito ouvido e avisou que tinha lasanha no forno. Continuou assistindo a novela.

No dia seguinte peguei o terno no fundo do armário e mandei para a tinturaria para tirar o cheiro de naftalina. Tinha duas preoucupações, como escolher os pedidos, e como achar a galera. Demandas não faltavam: o Flamengo estava na pindaíba, segundo os jornais americanos a floresta amazônica ia ficar do tamanho da floresta da Tijuca, Fidel ainda estava vivo, a África continuava uma lástima, o Bush foi reeleito, o sapo barbudo idem, o aquecimento global prometia praia em Brasília (jóia!), mas o fim de Ipanema (nunca!), e a lista não tinha fim. A outra preoucupação obviamente era achar um jeito de contactar a galera: Mãe Meninha do Gantois faleceu há muitos anos, o oráculo de Delfos aposentou-se (stress?), as companhias telefônicas pararam de distribuir catálogos onde antigamente se encontrava quase tudo. No desespero lembrei do sobrinho que era gerente numa empresa de informática em Brasília. Liguei para o garoto à cata de alguma sugestão. Ele recomendou o Google. Falei que lembrava do AltaVista, MetaCrawler, Netscape e outros. Ele explicou que já tinham levado o mesmo fim que Delfos.

Meio desconfiado, e sem entender as forças ocultas que existiam por detrás deste novo oráculo, ataquei-o assim mesmo. Segui as coordenadas do sobrinho e achei o dito. Sem muita cerimônia digitei lá: how can I talk to God? (não sabia se o cara era monoteísta ou não, mas resolvi ser conservador na pergunta). As respostas, digo, links, que se seguiram, foram mais ou menos as seguintes:


God can change your life

Jesus Christ

Prayer site for children

iGod Chat with God

I Can Talk To God

Kids Talk About God - An Online Service Helping Christians Inspire ...

I want to talk to God and ask why!

BBC - Press Office - George Bush on Elusive Peace

God and Evolution

Nine Ways Not to Talk about God, by Raimon Panikkar


Após apertar alguns botões aqui e acolá optei pelo iGod (não vi nenhum logo da Apple, mas ainda assim fiquei na dúvida se tinha o dedo do Steve Jobs na parada).

Anunciava no sutiã - aquele negócio que suporta o título, não o outro suporte - em inglês, “arrependimento facilitado”. Gostei. Tinha umas coisas meio atrasadas mesmo. Apertei o botão onde dizia: aperte aqui. Abriu uma janela que anunciava: você está falando com Deus. Tentei algumas coisas antes, para testar. O diálogo foi assim, em inglês:

- Eu: Detesto o Bush (I hate Bush).
- Deus: Honestamente acho que você deve se sentar, tomar um calmante e repensar as coisas (I honestly think you should sit down, take a stress pill, and calmly think things over). Eu: É eu sei, é duro aguentar o cara.

- Eu: Eu detesto o Lula (I hate Lula).
- Deus: Por quê você o detesta tanto?
(Why do you hate it so much?) Ai eu pensei: Tá maluco?!? Você é terapeuta, Deus ou cego?

- Eu: Espero que o Flamengo ganhe. (I hope Flamengo wins).
- Deus: Por quê você tem esperanças? (Why do you hope for it?)
Ai eu pensei: É eu sei, tá difícil.

- Eu: Você pode facilitar as coisas para nós? (Can you make things easier for us?)
- Deus: Sim eu posso facilitar muitas coisas para vocês. (Yes I can make things easier for us).
Ai eu pensei: Massa! Agora estamos conversando.

- Eu: Como? (How?)
- Deus: Eu me programei a mim mesmo para isto. (Myself programmed me for it)
Ai eu pensei: Convencido. Só quero ver depois.

- Eu: Garantido? (Guaranteed?)
- Deus: Como você ouviu falar sobre Deus?
(How did you hear about God?)
Ai eu pensei: Iiii, desconversou.

- Eu: Na bíblia. (In the bible).
- Deus: Foi muito tempo atrás. (That was a long time ago).
Ai eu pensei: Tô sabendo, mas ainda não lançaram uma edição atualizada.

- Eu: E o aquecimento global? (What about global warming?)
- Deus: Pensarei a respeito e depois te respondo. (I will think about it and get back to you.).
Ai eu pensei: Fugiu da raia de novo.

- Eu: Conversamos mais tarde. (Talk to you later)
- Deus: Te vejo mais tarde! (
See you later!)


Fiquei animadíssimo com o contato inicial. Pensei em voltar logo ao boteco do portuga, juntar o eleitorado e fazer uma prestação de contas parciais do meu desempenho até o momento. Mas talvez fosse melhor pegar o terno na lavanderia antes, dadas as novas responsabilidades tinha que cuidar mais do visual. No caminho da tinturaria, imbuído do espírito de legislador divino, devidamente conectado, fiquei imaginando o primeiro salário, o aumento retroativo, o jeton, a montagem do gabinete, a base de apoio. Havia muito trabalho pela frente. Acabei decidindo ir para a praia mesmo. De lá eu ligaria para o gabinete, avisaria que não iria ao plenário hoje, enfim, começaria o trabalho. Não tinha como falhar.


P.S.: tente você mesmo o iGod.
Mas por favor não espalhe.
Ainda estou solidificando a carreira parlamentar.

Livre-tradução, busco




by John Doyle


Olhava

O olhar

No espelho.

Mas não eram os teus

Os olhos

Que eu olhava.

Olhava assim mesmo.

Embriaguez do olhar

De que querer olhar

Os teus olhos.