terça-feira, setembro 18, 2007

Princesa

Roupas rotas, corpos idem.

Dois cães brincam.

Vários homens conversam, conversa solta.

Uma estátua desconexa do seu tempo de glória a tudo assiste e nada diz.

A ponte sobre o rio completa a moldura daquela noite.

Alguma luz pousa sobre nossos corpos ali sentados.

Um miúdo com os pais quer dizer algo.

Pais silenciosos, absortos em suas drogas.

A música polifônica cessa.

Partimos rumo à tasca.

Ergue-se a princesa disfarçada de tigresa.

O vento sopra sua capa, e traz-me o perfurme de maracujá.

Talvez um beijo negro me aguarde.

Talvez.

Seios

Tento, sem muito sucesso, e com pouco esforço real, desviar meus olhos daquela blusa de flanela azul. É bastante fina, sem ser transparante. O bico dos seus seios, belos, bem formados, destaca-se na calmaria azul. Nos braços, por sobre as ombreiras, entrevejo traços de uma tatuagem, algo com um ramo, uma flor. Parece cobrir-lhe um pouco da nudez. Por quê, se tão bela?!? No rosto sóbrio, um brinco no nariz chama a atenção. Mas o olhar tranquilo me faz sorrir. Da TV, grudada na parede próxima, o comentarista grita um gol qualquer. Aproveito a distração dos presentes para mirar-lhe longamente os seios, imaginar-lhes a cor, a textura, o sabor. Inspirado em alguma perversão, nalguma fantasia erótica, sonho em abocanhá-los, com paixão. Penso em tocar-lhes, beijar-lhes, com carinho, mas sem abster-me de mordiscar-lhes com severa paixão. Julgo ainda sugá-los, metê-los de uma só vez na boca e pôr-me a brincar com a língua ao seu redor. Dura pouco o sonho. Levanta-se. Permito que vá sem dirigir-lhe palavra alguma. Um outro grito do comentarista me traz de volta à “realidade televisiva”.