By Fabíola Morais
Tinha um coração único, aberto a muitos dado a poucos. Expressava-o de uma forma ainda mais singular, uma assinatura só sua. Seria um pequi irrigado com veias? A carne é suculenta, mas cuidado com seus espinhos, sempre explicam aos novatos.
Dos amigos e amantes em comum surgiam histórias de todos os tempos e de todas as formas, sempre belas. Um dia finalmente nossos olhos se cruzaram: entendi tudo, era ela. Tinha e tem um jeito só seu de olhar para o cerrado. Brasilienses e goianos têm esta coisa de olhar para o cerrado com ternura, com lentes só suas. No seu caso mais colorido e [des]focado do que os outros mortais, felizmente. Enxergamos muito mais do que “garranchos retorcidos e secura”, vemos beleza em linhas tortas e o ciclo da vida brotar diante dos nossos olhos todas as vezes que começa a chover. Ali por agosto ou setembro mais ou menos, os gramados e parques que mais parecem desertos sem vida brotam verdes, lindos, vigorosos com as primeiras chuvas. Ressucitam das cinzas, das queimadas. É mágico. Se fôssemos mais inteligentes teríamos uma festa da primavera, pagã, com certeza. Nossos Deuses seriam o Sol e a Chuva. Eros e Baco seriam muito bem vindos também, quiçá igualmente idolatrados.
Também enxergava um