Uma outra alma depenada, quer dizer, sem dó mesmo, nem de si, que acompanhou-nos na maratona etílica com o Marquês, foi certeira: pra sair com o Marquês só com caderninho à mão. Como não havia caderninho, nem guardanapo de papel, restaram-me as reminiscências no dia seguinte, além de uma baita ressaca, vôo perdido, arrependimento pelo podrão dividido às 5 da manhã, gosto de charuto na boca, logo eu que não fumo, etc. Êta noitada boa!
O fidalgo tentou se redimir no dia seguinte. Ou talvez pactuar nosso silêncio. Convidou-nos para um passeio à beira-mar em sua BMW nova (menos o retrovisor direito, o qual extraviou-se na noite anterior entre as 2 e 3 da manhã...), chapa diplomática e outros mimos.
O dia foi supimpa. Mas desconfiei que havia algo de errado quando nos convidou para conhecer seu apartamento ali na Lapa. Prédio secular, CD raro do John Coltrane, e varanda com vista para o Tejo e a Basílica. Tudo conforme manda o protocolo.
“Drinks?”, inquiriu.
“O quê tens aí Ó gajo?” retruquei.
“Vocês têm que conhecer o Magnífico. Comprei pro meu chefe mas ainda tem um pouco.”
Não sei não, mas quando alguém te convidar para conhecer o Magnífico na sua alcova, desconfie que de fato há algo de podre no reino da Dinamarca.
PS: o Magnífico desceu redondo!