sexta-feira, março 30, 2007

Mas...

Uff, ainda bem que tem o mas… já me livrou de várias.

“A lei é igual perante todos”, mas nem todos são iguais perante a lei, já indica a sapiência popular.

Meu pai, já falecido, por exemplo, queria ter me batizado de Clarêncio. Repito: Clarêncio! É mole?!? Concluo, apelido, Clacla. Já imaginou o trauma de infância?!? Mais um. Depois ainda querem que eu seja normal. Nem pônei eu ganhei quando era menino. Mas a mãe tem uma foto minha sentado num pônei empalhado numa feira agropecuária no interior do Piauí (é pleonasmo…). Já ofereci uma grana boa por esta foto, mas ela disse que é recordação. Recordação é o katzo, que mico! Nunca se sabe onde estas joças podem parar. E ainda tem umas fotos piores do que essa.

Mas voltando ao pai. Queria por que queria me batizar com este nome “singelo”. Mas a mãe já tinha avisado:

Depois do bebê nascido eu exijo ver a certidão de nascimento pra ter certeza que tu não vais fazer uma cagada desta com o nome da criança. Imagina só. Eu carrego o fedelho nove meses na barriga, primogênito, e você quer me aprontar uma destas. Mas nem pensar. Nem que eu tem que sair andando daqui do hospital para retificar.

Mas minha querida, direitos iguais, eu também tenho participação na concepção da criança. Além do mais é um nome tão especial.

Mas tu vai arranjar filho com alguma rapariga por aí para botar este nome. Filho meu NÃO!

Apesar dos protestos do meu pai, e com a benéfica solidariedade dos tios de ambos os lados, escapei da sina. Por via das dúvidas uma Tia de confiança o acompanhou até o cartório. Vai que ele não tinha se dado por convencido.

Clacla ninguém merece, repito. Já imaginou a pentelhação na escola, ou a encheção de saco brincando na rua, ou os dramas toda vez que me apresentasse em alguma repartição pública.

E podia ser pior, e se eu tivesse escolhido uma destas carreiras pomposas, tipo embaixador, juiz, capitão de aeronave? Só penso na aeromoça, contendo o riso, e anunciando:

Senhores passageiros, o nosso vôo de hoje está sobre a responsabilidade (pausa para conter a gargalhada) do Capitão Clarêncio.


E com certeza ia sempre ter um Corinthiano - Corinthiano é fogo - pedindo pra repetir o nome.

Pior do que isso só quando tivesse que procurar o médico para tratar da impotência precoce.

Pois não Senhor…, desculpe, como é mesmo seu nome?

É mole? É mole e não sobe doutor!

PS: mais um da série
“ninguém merece”