Adoro Apples! Pelo menos as três que conheço melhor.
A fruta, com seus vários vermelhos mais exóticos – as verdes que me perdoem, mas vermelho é fundamental – é um convite à sedução. Vermelho forte por fora, suculenta e refrescante por dentro, hummm... tesão. E o centro com suas sementes encapsuladas no vazio. Um convite ao erotismo. E ainda tem aquela história antiga da Eva, o arquétipo da mulher sedutora. Num não sem número de quadros com o corpo [semi]nu, aquele olhar perdido dos apaixonados e uma maçã mordida na mão... o gosto ninguém descreveu até hoje mas lhe sou eternamente agradecido por ter nos removido daquele enfadonho paraíso. Imagino que devia ser uma chatice viver ali.
Tem então a Big Apple, o nome carinhoso da minha cidade, New York. Cinco dos melhores anos da minha vida passei ali. O apelido peculiar, para quem não sabe, é da época em que os músicos de blues e jazz migravam do sul ( e.g. New Orleans), para tentar a vida ali em shows de bar em bar. Esta doce amante usou de todos os ardis para me seduzir, e me fazer “de gato e sapato”. Vivi os momentos mais intensos da minha vida e experiências que carrego até hoje. Houve quem me ajudasse, desse um ombro amigo, e abrigo, quando mais precisei. Meu lugar preferido? Central Park, forever. Sempre morei em Manhattan em uma dúzia de endereços diferentes. Houve um apartamento que dividia com um amigo americano ali no Greenwich Village, próximo à Washington Square. Várias noites voltava dos bares da redondeza com a trupe para tomar a última cerveja, comprada na deli da esquina, e ouvir CDs – não havia MP3s ou iPods ainda – do Paralamas e Legião. Havia um bar preferido da turma, Olive Tree Cafe, a uma esquina lá de casa. Tinha mesas de ardósia preta, com lápis de giz-de-cera para rabiscar. A cerveja barata era servida em jarras e ao fundo filmes preto-e-branco do Carlitos. Divino! No basement funcionava uma diminuta casa de shows que se gabava de ter oferecido um dos primeiros shows do Jimi Hendrix, quando ninguém sabia quem era aquele cabeludo que tocava guitarra em transe.
Finalmente há a Apple do Steve Jobs. De uns tempos pra cá venho descobrindo o prazer da simplicidade. Simple is beautiful. É o meu motto para o século XXI. É que o mundo que deveria ser mais simples foi engendrado para ser esta coisa complicada em que vivemos. É como Lego, aquelas pecinhas de plástico simples, geniais, que podem ser combinadas para fazer engenhocas complicadíssimas. Já vi fotos de impressoras, aviões, robôs, etc, feitos de Lego. Mas enquanto houver budistas, Apple e outros simplificadores do mundo, a esperança continua.