domingo, setembro 24, 2006

Tian Tan Budha
















Neste último Domingo fui até um monastério budista. Antes que alguns afobados se adiantem, não me converti ao Budismo. Embora ache “bonita” esta história de abondanar as tentações mundanas em busca de uma paz interior etc, confesso que vou precisar de algumas vidas a mais - se é que elas de fato existem - para alcançar este nível. Afinal, tem carnaval na Bahia todo ano, e outras cositas mais que nossas paragens oferecem.

O tal do Grande Buda - ou Tian Tan Buddha para os íntimos destas paragens - está localizado na Ilha de Lantau, do lado do aeroporto de HK. Esta estátua é uma das maiores do mundo ao ar-livre. O passeio foi jóia, com direito a umas duas horas de caminhada morro abaixo. Aliás, tenho um casal de amigos queridos que têm um sítio em Teresópolis. A descida, com direito a cachoeira, mata virgem etc, era a cara do sítio e do parque nacional, Serra dos Órgãos, próximo.

A estátua tem um monte de significados pela posição das mãos, espressão facial, orelhas etc. Além da construção em si que levou uns dois anos, passaram um ano só estudando o modelo e seus símbolos, no sentido Jungiano do termo. Ficou bonito o negócio!

Havia também uma exposição de um templo que estão projetando construir, a ser chamado de “Templo dos mil Budas”. Não entendi direito por quê Mil Budas, mas deixa pra lá...Curioso era a forma de arrecadação: por $x seu ancestral tem direito a um nome na parede, por $2x, uma placa,..., por $10x o nome escrito numa das colunas. Me faz recordar o museu da imigração em Ellis Island, New York, do lado da Estátua da Liberdade (aliás o passeio da Estátua é uma furada. O museu é muito mais interessante). Lá tem uma história parecida. Quando resolveram construir o museu, umas décadas atras, pegaram a lista dos imigrantes que passaram pela ilha quando ela funcionava como centro de imigração nos séculos 19 e 20, se não me engano, e foram atrás dos descendentes pedindo doações. Quanto maior a doação, maior o nome do bisavô, tataravô etc, na placa. Mais famosa do que esta só os Papas que venderam indulgências para construir a Basílica de São Pedro no Vaticano.


E na Terra Brasilis, se pagares a um Deputado para um de seus renomados projetos, o quê
é que o cidadão leva?!? Ultimamente vem causando plaquinha na sede da PF.

Uma das muitas curiosidades foi ter encontrado um monte de símbolos no monastério similares à malfada suástica nazista. Lembrei de ter lido que o Hitler não tinha inventado a suástica, mas simplesmente ursupado de tradições ancestrais. Na verdade a suástica é um símbolo tradicional no hinduísmo e budismo, representando “bem-estar” ou “boa sorte”, descobri.

quinta-feira, setembro 07, 2006

Piada Boa!!!

Com a câmera na mão


Casamos novos. Ela com 19 e eu com 20 anos de idade. Lua-de-mel, viagens, mobílias na casa alugada, prestações da casa própria e o primeiro bebê.

Anos oitenta e a moda era ter uma filmadora do Paraguai. Sempre tinha um vizinho ou amigo contrabandista disposto a trazer aquela muambazinha por um preço módico.

Ela tinha vergonha, mas eu desejava eternizar aquele momento. Invadi a sala de parto com a câmera no ombro e chorei enquanto filmava o parto do meu primeiro filho. Todo mundo que chegava lá em casa era obrigado a assistir ao filme. Perdi a conta das cópias que fiz do parto e distribuí entre amigos, parentes e parentes dos amigos. Meu filho e minha esposa eram o meu orgulho.

Três anos depois, novo parto, nova filmagem, nova crise de choro. Como ela categoricamente disse que não queria que eu filmasse, invadi a sala de parto mais uma vez com a câmera ao ombro.

As pessoas que me conhecem sabem que havia apenas amor de pai e marido naquele ato. O fato de fazer diversas cópias da fita era apenas uma demonstração de meu orgulho.






Nada que se comparasse ao fato de ela, essa semana, invadir a sala do meu urologista, câmera ao ombro, filmando o meu exame de próstata.

Eu lá, com as pernas naquelas malditas perneiras, o cara com um dedo (ele jura que era só um!) quase na minha garganta e a mulher gritando:

- Ah! Doutor! Que maravilha! Vou fazer duas mil cópias dessa fita! Semana que vem estou enviando uma para o senhor!

Meus olhos saindo da órbita a fuzilaram, mas a dor era tanta que não conseguia falar.

O miserável do médico girou o dedo e eu vi o teto a dois centímetros do meu nariz. A mulher continuou a gritar, como um diretor de cinema:

- Isso, doutor! Agora gire de novo, mais devagar. Vou dar um close agora...

Alcancei um sapato no chão e joguei na maldita.

-Agora, estou escrevendo este e-mail, pedindo aos amigos que receberem uma cópia do filme, que o enviem de volta para mim. Eu pago o reembolso.

Cora Coralina III

NÃO SEI...


Não sei... se a vida é curta...
Não sei...
Não sei... se a vida é curta ou longa demais para nós.
Mas sei que nada do que vivemos tem sentido,
se não tocarmos o coração das pessoas.

Muitas vezes basta ser:

colo que acolhe,

braço que envolve,

palavra que conforta,

silêncio que respeita,

alegria que contagia,

lágrima que corre,

olhar que sacia,

amor que promove.

E isso não é coisa de outro mundo: é o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela não seja nem curta,
nem longa demais,
mas que seja intensa,
verdadeira e pura...
enquanto durar.

CORA CORALINA

Cora Coralina II

POEMINHA AMOROSO


Este é um poema de amor tão meigo, tão terno, tão teu...
É uma oferenda aos teus momentos de luta e de brisa e de céu...
E eu, quero te servir a poesia numa concha azul do mar ou numa cesta de flores do campo. Talvez tu possas entender o meu amor.
Mas se isso não acontecer, não importa.
Já está declarado e estampado nas linhas e entrelinhas deste pequeno poema,
o verso;
o tão famoso e inesperado verso que te deixará pasmo, surpreso, perplexo...

eu te amo, perdoa-me, eu te amo..."

Cora Coralina I

Aninha e suas pedras

Não te deixes destruir...
Ajuntando novas pedras e construindo novos poemas.
Recria tua vida, sempre, sempre.
Remove pedras e planta roseiras e faz doces.
Recomeça.
Faz de tua vida mesquinha um poema.
E viverás no coração dos jovens e na memória das gerações que hão de vir.
Esta fonte é para uso de todos os sedentos.
Toma a tua parte.
Vem a estas páginase não entraves seu uso aos que têm sede.
Cora Coralina (Outubro, 1981)

terça-feira, setembro 05, 2006

Reminiscências de um brasiliense viajante I



“As aves daqui gorjeiam mas não gorjeiam como as de lá”


Deve ser mesmo da natureza humana comparar velhas e novas moradias. E pela mesma via procuramos relacionar o novo ao que possuímos de velhas experiências, conscientes ou inconscientes. Ou talvez seja apenas por saudosismo e puro banzo.

Eu aqui, do pouco que há para me fazer lembrar da terra natal, procuro encontrar, ou criar no meu imaginário, pontes para o meu passado, Brasília, por assim dizer.

Estou na casa de amigos de um amigo asutraliano/irlandês. A casa, grande e muitíssimo bem localizada – vista para o mar, bairro chic etc – não é nem feia nem bonita, embora prática. Faz-me recordar aquelas casas quadradadas ali das “700” (nota: quem não conhecer Brasília e achar que isto é algum codigo secreto, tudo bem, relaxe).

Atrás há um prédio lindo, moderníssimo, de uns 30 ou 40 andares – não ando tão ocioso assim, ao contrário do que pensam alguns, para tê-los contado de fato. Ele é de vidro exposto, e está num ponto acima da casa, na rua de trás, e obviamente todo de frente para o mar. Imagino como deve ser verde o mar visto ali de cima. À noite, uma série de pontos de luz multi-coloridos, e verticalmente alinhados ao longo das colunas, dão-lhe vida. É bonito de se ver. O formato, embora esteja perfilado ali para o mar (Ah, como eu queria que Brasília tivesse praia....), lembra-me a Catedral, ali como uma mão aberta, espalmada para trás.

Meu ilustre anfitrião explicou-me com olhos ainda arregalados, apesar de ser provavelmente a enésiam vez que devia relatar o caso, que naquele prédio ninguém morava.

Seria assombrado, pensei em perguntar-lhe, mas ele calou meu pensamento. Com os olhos ainda bem abertos me contou que a dona – isto mesmo, o prédio todo com suas várias dúzias de apartamentos vazios, pertence a uma mulher destas bandas – ainda não havia decidido qual o melhor uso para o edifício.

Para arrematar ele descreveu seus dois vizinhos. De um lado uma bela mansão, de uns 400 metros quadrados de área útil, toda de granito externo e onde morava apenas uma senhora de 78 anos, e seus servos. A mansão, construída pelos filhos da mesma, continha apenas um único quarto. Quando ela morresse, eles provavelmente reconstruiriam a casa.

Do outro lado, uma casa similar à sua, igualmente bem localizada mas de gosto questionável. Estava há dez anos vazia, sem ser alugada. Estimou meu anfitrião em quatro milhões de euros a receita não auferida com o aluguel.

Bom, neste ponto encerraram-se as semelhanças com a terrinha.