A nau capitã ali encalhou,
no teu
Icei as velas, chamei o vento, fiz promessa à Iemanjá, clamei por sereias, magos e outros deuses. Em vão. Singrara os mares em outros tempos, mas dali a âncora recusava a mover-se, presa ao fundo do leito,
teu leito.
Cansado das viagens, das batalhas que enfrentara, o coração com suas feridas, algumas cicatrizes, algumas ainda abertas, buscava colo,
teu
Dei-me por vencido, me rendi, caminhei até você, coloquei-me junto às pegadas,
tuas pegadas.
Busquei descansar, resignado, atraído pelo canto,
teu canto.
Procurei energia, bebi do mel, alimentei-me da carne,
tua carne.
Um dia o vento soprou mais forte, as velas rasgaram, a âncora se soltou, parti. Na boca guardava o gosto,
teu gosto.
Num último gesto lancei a garrafa, dentro dela um grito, para que ela te encontrasse e gritasse:
apenas meu corpo não está aí junto ao teu corpo.