sábado, novembro 25, 2006

A culpa é do Demiurgo, ou será do mordomo?!?

Tiago Botelha


Estamos sempre buscando um culpado, haja ou não culpa a ser imputada. Imagino que deve ser culpa da tradição cristã esta história de buscar uma culpa. Aliás, vale ressaltar que enquanto cristãos já nascemos com a culpa, afinal "Ele morreu na cruz para nos salvar". Nos fala o santo ensinamento do determinismo das coisas, e de como Deus, sendo basicamente um "cara sangue bom", nos colocou neste mundo maravilhoso para que dele pudéssemos desfrutar, à sua imagem e semelhança, e seríamos felizes para sempre. Assim, levamos a vida e se algo de mal nos acontece apelamos logo para o "foi Deus quem quis". Mas a coisa não estava muito boa de ser explicada, haja vista tanta desgraça aqui na terra para os seus filhos e herdeiros, que acrescentou-se o tal do "livre-arbítrio". O que no mínimo, "livrou a barra do sangue bom". Afinal, Ele fez tudo perfeito, à sua imagem e semelhança, mas coube a nós, de posse da nova liberdade de escolha, botar tudo a perder. Assim, no Genêsis, nos pegaram com a boca na botija, ou teria sido na maçã?!?, e acabou o paraíso. Buscou-se ainda aliviar a nossa situação com o aforismo "perdoa-lhes Senhor, eles não sabem o que fazem", mas já estava feito.

Seguimos espiando as nossas culpas, ou procurando imputá-las a outrem. Desta forma sobra muito diletantismo e pouca tomada de responsabilidade em nossas próprias mãos. Começo pelo Chico, "Jesus Cristo ainda me paga/ um dia ainda me explica / como pôde por no mundo esta pobre coisica / vou correr o mundo afora e dar uma canjica /que é pra ver se alguém se embala ao ronco da cuíca/.../ Deus me fez um cara fraco desdentado e feio / pele e osso simplesmente quase sem recheio/ mas se alguém me desafia e bota a mãe no meio / dou pernada a três por quarto e nem me despenteio".

Mas nem para tudo h
á culpa. Um dos problemas que temos é achar que há "coisas certas" para tudo. Ledo engano. O mundo não é geométrico euclidiano, da mesma forma que não é físico newtoniano, apenas aparentam ser. E como somes meio míopes, "e o albino Hermeto não enxerga mesmo muito bem", tomamos estas como representação da nossa realidade.

Ent
ão lembrei do Demiurgo, afinal tinha que colocar a culpa em alguém... é que muito tempo atrás, antes do "filho do sangue bom" aparecer por estas paragens, havia uns gregos meio malucos. E o tal do Platão dividia o mundo em dois: o mundo das idéias e o mundo das coisas. No mundo das idéias, tudo era único, suave, perfeito, passível de reducionismo etc. Mas apareceu o Demiurgo que fez uma cópia do mundo das idéias, e criou o mundo das coisas. E como toda cópia... deixou a desejar ao original.

Trago um exemplo. Vocês devem se lembrar daquela hist
ória que a soma dos ângulos internos de um triângulo é igual a 180 graus. Pois bem, tentaram medir os ângulos internos na época do Platão, ou melhor, desde a época de Platão, e nunca chegaram a exatos 180. Os marceneiros melhoraram a confecção dos triângulos, os aparelhos de medida foram também aperfeiçoados, mas até hoje não dá 180 exato, pelo menos não até à enésima casa decimal. Mas o Platão explicava, provavelmente sentado no banco da ágora ateniense, fumando do cachimbo, que na verdade a soma do triângulo ideal totalizava sim 180 graus, mas a cópia do Demiurgo, bem... sem comentários. Antes que os mais apressados coloquem a culpa nas falsificações Made in China aviso que não é por aí.

O mordomo, este sim, j
á há muito não atende o meu último pedido de mais um martini com três azeitonas neste boteco metido a besta, muito menos outro guardanapo para prolongar a paródia. Dele sim é a culpa.



PS: o Bush também dividiu o mundo em dois, seus aliados e seus inimigos, mas a
í a culpa é dele, e o problema é nosso....

segunda-feira, outubro 30, 2006

História com dragão é mais legal


Talvez eles ainda não tenham descoberto, mas sou um estranho em suas terras. De onde venho as mulheres caminham, as sereias nadam, mas nenhuma delas voa. Lá também há apenas um Dragão de verdade, mas só um santo brinca com ele, e na Lua. Crianças nem adultos são permitidos.




A memória do futuro será toda virtual?

Escher


Ao meu neto preferido, no leito de morte, lhe deixarei as minhas memórias, músicas, fotos, vídeos, imagens tridimensionais holográficas etc, tudo gravado naquele pedacinho de silício.

Com aquilo que lhe sobrou do existencialismo de Sartre, ele busca uma loja de antiguidades. Compra uma dessas geringonças que ainda leêm códigos-fonte de anos atrás.

Chega em casa de posse da máquina. Procura um canto onde repousá-la, liga, procura um lugar para se sentar, serve-se de um relaxante, se ajeita no sofá e assiste. Vê vídeos de sua infância. Certo de ser humano, desliga e deita-se. Ainda pensa no avô, sorri, e fecha os olhos.

Caetano virou Professor



A cabeleireira grisalha impunha respeito. Agrege-se à isto aquele olhar de sabedoria. E os óculos de armação fina ali na ponta do nariz,... estava um arraso, como ele mesmo diria. E acho que não via os fiéis súditos na platéia. Permitia apenas que do seu, emanasse o olhar.

Era feliz por saber que Caetano era Brasileiro, que era Bahiano, que era de Santo Amaro da Purificação. Imagino que Santo Amaro, casa de D. Canô, seja o menor dentre os maiores municípios tupiniquins.

Me perdoem o pedantismo, mas é que Câmara Cascudo tinha razão: o brasileiro ainda é a melhor coisa que esta terra dá.


PS: o sapo nos convida para + 4 anos no brejo. ;-(

Pensamentear

Soltem os loucos! Nós precisamos deles ao nosso redor.

Assim saberemos que somos normais.

Mas não se esqueçam de deixá-los facilmente identificáveis.

Assim não nos confudiremos.

terça-feira, outubro 03, 2006

Dadá e o sapo

“Se macumba ganhasse jogo,
campeonato bahiano acabava empatado”.
Dadá Maravilha, a.k.a. Dario José dos Santos

Começo a duvidar da onipotência de “Seu Dadá”. Logo eu que quase o considero santo, um dos santos do nosso futebol e de nosso folclore. Noto que Dadá é daquelas figuras que só poderiam ter nascido no Brasil, ou melhor, em Marechal Hermes no Rio de Janeiro. Se não exisitissem nossas paragens tupiniquins, do jeitinho que elas são, Dadá não existiria. É mais ou menos aquela história de que “os Desuses só existem se você acreditar neles”. Mas há a Terra Brasilis e há Dadá. Mas Dadá hoje é menos Deus do que ontem. Explico melhor.

Tem gente séria por aí que estuda como teorias, científicas por exemplo, evoluem. Em particuar quando há “ruptura de paradigmas”, como diria um destes estudiosos, Kuhn, é que há o surgimento de novos modelos. Teorias, que oferecem uma forma melhor de explicar aquele fenômeno. Usualmente estas rupturas aparecem quando uma teoria prediz um certo fenômeno, e provas e experimentos distintos começam a produzir resultados não condizentes com a teoria. Se o prejuízo for pequeno dá para fazer um “remendo” na teoria e continuar a tocar a vida, mas se o buraco for grande, então o jeito é colocar aquela teoria “fora-de-linha” e chamar outra para "rodar".

Nem acreditei quando acordei, manhã aqui, noite aí. Fui dormir meio mais ou menos depois de uma longa noite em vários bares, e triste pelo futuro cinzento que pairava sobre a minha cidade-natal. Mas ao contrário do que dizia Dadá, parece que macumba ganha jogo sim, até na Bahia. Afinal, tente algum santo me explicar como diabos o Paulo Souto conseguiu perder, onde já estava "tudo ganho", e o “picolé-de-chuchu" desdenhou das pesquisas e chegou bem na frente de todas. E tirou o doce da boca do príncipe - quer dizer, sapo.

Torço para Dadá continuar errando, tudo bem que depois da eleição a gente renegocia o passe celestial dele, arranjo um indulto etc, mas por enquanto vamos cuidar para que o príncipe receba o beijo da morte, vire sapo, e volte para o brejo, lá para o fundo do brejo.

segunda-feira, outubro 02, 2006

Despedida

Corto os pulsos. Saltam as veias. Por um instante consigo perceber onde foram seccionadas pela låmina. Então, já não via, a não ser a vida que me escorria por ali. O chão começa a ficar molhado. Um fio de sangue alcança um dos dedos do pé. Sinto um calafrio. O corpo começa a amolecer. Procuro me ajeitar na cadeira - um fio de dignidade ou orgulho talvez. Os pensamentos se tornam confusos. Será o princípio irreversível do fim? Esta manhå quando acordei nåo pensava que a noite terminaria assim.Tudo terminara. Nunca pensei na morte, talvez pos isto meus pensamentos se assombravam de si mesmo. Já nåo pensava no futuro, projeções, conjunturas, cenários, nåo mais. Revivia o passado, a uma velocidade incomensurável. Minha mente insistia em exibir este filme mais uma vez. Sarcástica, ela passava o filme a seu modo próprio. Começara do início, tenra idade. Escolhia crieteriosamente em quais passagens se deter por uns momentos a mais. Confuso no início, logo entendi sua lógica: escolhera os momentos mais felizes da minha vida. Suspirei aliviado longamente, talvez o meu último suspiro. Valera a pena ter vivido. Meus algozes, bem, eles venceram esta batalha. E meus olhos se fecharam para este mundo.

Segue e Tanto



No recanto do meu canto,
Choro tanto que fico tonto.
Santo é o momento
Que vou pronto e fico santo.
Num ponto,
O encanto emana do santo pranto.
Seco, no entanto,
Promete derramar no próximo pranto.
Desisto de tanta dor no meu canto.
Segue seco tanto sofrimento.

domingo, setembro 24, 2006

Tian Tan Budha
















Neste último Domingo fui até um monastério budista. Antes que alguns afobados se adiantem, não me converti ao Budismo. Embora ache “bonita” esta história de abondanar as tentações mundanas em busca de uma paz interior etc, confesso que vou precisar de algumas vidas a mais - se é que elas de fato existem - para alcançar este nível. Afinal, tem carnaval na Bahia todo ano, e outras cositas mais que nossas paragens oferecem.

O tal do Grande Buda - ou Tian Tan Buddha para os íntimos destas paragens - está localizado na Ilha de Lantau, do lado do aeroporto de HK. Esta estátua é uma das maiores do mundo ao ar-livre. O passeio foi jóia, com direito a umas duas horas de caminhada morro abaixo. Aliás, tenho um casal de amigos queridos que têm um sítio em Teresópolis. A descida, com direito a cachoeira, mata virgem etc, era a cara do sítio e do parque nacional, Serra dos Órgãos, próximo.

A estátua tem um monte de significados pela posição das mãos, espressão facial, orelhas etc. Além da construção em si que levou uns dois anos, passaram um ano só estudando o modelo e seus símbolos, no sentido Jungiano do termo. Ficou bonito o negócio!

Havia também uma exposição de um templo que estão projetando construir, a ser chamado de “Templo dos mil Budas”. Não entendi direito por quê Mil Budas, mas deixa pra lá...Curioso era a forma de arrecadação: por $x seu ancestral tem direito a um nome na parede, por $2x, uma placa,..., por $10x o nome escrito numa das colunas. Me faz recordar o museu da imigração em Ellis Island, New York, do lado da Estátua da Liberdade (aliás o passeio da Estátua é uma furada. O museu é muito mais interessante). Lá tem uma história parecida. Quando resolveram construir o museu, umas décadas atras, pegaram a lista dos imigrantes que passaram pela ilha quando ela funcionava como centro de imigração nos séculos 19 e 20, se não me engano, e foram atrás dos descendentes pedindo doações. Quanto maior a doação, maior o nome do bisavô, tataravô etc, na placa. Mais famosa do que esta só os Papas que venderam indulgências para construir a Basílica de São Pedro no Vaticano.


E na Terra Brasilis, se pagares a um Deputado para um de seus renomados projetos, o quê
é que o cidadão leva?!? Ultimamente vem causando plaquinha na sede da PF.

Uma das muitas curiosidades foi ter encontrado um monte de símbolos no monastério similares à malfada suástica nazista. Lembrei de ter lido que o Hitler não tinha inventado a suástica, mas simplesmente ursupado de tradições ancestrais. Na verdade a suástica é um símbolo tradicional no hinduísmo e budismo, representando “bem-estar” ou “boa sorte”, descobri.

quinta-feira, setembro 07, 2006

Piada Boa!!!

Com a câmera na mão


Casamos novos. Ela com 19 e eu com 20 anos de idade. Lua-de-mel, viagens, mobílias na casa alugada, prestações da casa própria e o primeiro bebê.

Anos oitenta e a moda era ter uma filmadora do Paraguai. Sempre tinha um vizinho ou amigo contrabandista disposto a trazer aquela muambazinha por um preço módico.

Ela tinha vergonha, mas eu desejava eternizar aquele momento. Invadi a sala de parto com a câmera no ombro e chorei enquanto filmava o parto do meu primeiro filho. Todo mundo que chegava lá em casa era obrigado a assistir ao filme. Perdi a conta das cópias que fiz do parto e distribuí entre amigos, parentes e parentes dos amigos. Meu filho e minha esposa eram o meu orgulho.

Três anos depois, novo parto, nova filmagem, nova crise de choro. Como ela categoricamente disse que não queria que eu filmasse, invadi a sala de parto mais uma vez com a câmera ao ombro.

As pessoas que me conhecem sabem que havia apenas amor de pai e marido naquele ato. O fato de fazer diversas cópias da fita era apenas uma demonstração de meu orgulho.






Nada que se comparasse ao fato de ela, essa semana, invadir a sala do meu urologista, câmera ao ombro, filmando o meu exame de próstata.

Eu lá, com as pernas naquelas malditas perneiras, o cara com um dedo (ele jura que era só um!) quase na minha garganta e a mulher gritando:

- Ah! Doutor! Que maravilha! Vou fazer duas mil cópias dessa fita! Semana que vem estou enviando uma para o senhor!

Meus olhos saindo da órbita a fuzilaram, mas a dor era tanta que não conseguia falar.

O miserável do médico girou o dedo e eu vi o teto a dois centímetros do meu nariz. A mulher continuou a gritar, como um diretor de cinema:

- Isso, doutor! Agora gire de novo, mais devagar. Vou dar um close agora...

Alcancei um sapato no chão e joguei na maldita.

-Agora, estou escrevendo este e-mail, pedindo aos amigos que receberem uma cópia do filme, que o enviem de volta para mim. Eu pago o reembolso.

Cora Coralina III

NÃO SEI...


Não sei... se a vida é curta...
Não sei...
Não sei... se a vida é curta ou longa demais para nós.
Mas sei que nada do que vivemos tem sentido,
se não tocarmos o coração das pessoas.

Muitas vezes basta ser:

colo que acolhe,

braço que envolve,

palavra que conforta,

silêncio que respeita,

alegria que contagia,

lágrima que corre,

olhar que sacia,

amor que promove.

E isso não é coisa de outro mundo: é o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela não seja nem curta,
nem longa demais,
mas que seja intensa,
verdadeira e pura...
enquanto durar.

CORA CORALINA

Cora Coralina II

POEMINHA AMOROSO


Este é um poema de amor tão meigo, tão terno, tão teu...
É uma oferenda aos teus momentos de luta e de brisa e de céu...
E eu, quero te servir a poesia numa concha azul do mar ou numa cesta de flores do campo. Talvez tu possas entender o meu amor.
Mas se isso não acontecer, não importa.
Já está declarado e estampado nas linhas e entrelinhas deste pequeno poema,
o verso;
o tão famoso e inesperado verso que te deixará pasmo, surpreso, perplexo...

eu te amo, perdoa-me, eu te amo..."

Cora Coralina I

Aninha e suas pedras

Não te deixes destruir...
Ajuntando novas pedras e construindo novos poemas.
Recria tua vida, sempre, sempre.
Remove pedras e planta roseiras e faz doces.
Recomeça.
Faz de tua vida mesquinha um poema.
E viverás no coração dos jovens e na memória das gerações que hão de vir.
Esta fonte é para uso de todos os sedentos.
Toma a tua parte.
Vem a estas páginase não entraves seu uso aos que têm sede.
Cora Coralina (Outubro, 1981)

terça-feira, setembro 05, 2006

Reminiscências de um brasiliense viajante I



“As aves daqui gorjeiam mas não gorjeiam como as de lá”


Deve ser mesmo da natureza humana comparar velhas e novas moradias. E pela mesma via procuramos relacionar o novo ao que possuímos de velhas experiências, conscientes ou inconscientes. Ou talvez seja apenas por saudosismo e puro banzo.

Eu aqui, do pouco que há para me fazer lembrar da terra natal, procuro encontrar, ou criar no meu imaginário, pontes para o meu passado, Brasília, por assim dizer.

Estou na casa de amigos de um amigo asutraliano/irlandês. A casa, grande e muitíssimo bem localizada – vista para o mar, bairro chic etc – não é nem feia nem bonita, embora prática. Faz-me recordar aquelas casas quadradadas ali das “700” (nota: quem não conhecer Brasília e achar que isto é algum codigo secreto, tudo bem, relaxe).

Atrás há um prédio lindo, moderníssimo, de uns 30 ou 40 andares – não ando tão ocioso assim, ao contrário do que pensam alguns, para tê-los contado de fato. Ele é de vidro exposto, e está num ponto acima da casa, na rua de trás, e obviamente todo de frente para o mar. Imagino como deve ser verde o mar visto ali de cima. À noite, uma série de pontos de luz multi-coloridos, e verticalmente alinhados ao longo das colunas, dão-lhe vida. É bonito de se ver. O formato, embora esteja perfilado ali para o mar (Ah, como eu queria que Brasília tivesse praia....), lembra-me a Catedral, ali como uma mão aberta, espalmada para trás.

Meu ilustre anfitrião explicou-me com olhos ainda arregalados, apesar de ser provavelmente a enésiam vez que devia relatar o caso, que naquele prédio ninguém morava.

Seria assombrado, pensei em perguntar-lhe, mas ele calou meu pensamento. Com os olhos ainda bem abertos me contou que a dona – isto mesmo, o prédio todo com suas várias dúzias de apartamentos vazios, pertence a uma mulher destas bandas – ainda não havia decidido qual o melhor uso para o edifício.

Para arrematar ele descreveu seus dois vizinhos. De um lado uma bela mansão, de uns 400 metros quadrados de área útil, toda de granito externo e onde morava apenas uma senhora de 78 anos, e seus servos. A mansão, construída pelos filhos da mesma, continha apenas um único quarto. Quando ela morresse, eles provavelmente reconstruiriam a casa.

Do outro lado, uma casa similar à sua, igualmente bem localizada mas de gosto questionável. Estava há dez anos vazia, sem ser alugada. Estimou meu anfitrião em quatro milhões de euros a receita não auferida com o aluguel.

Bom, neste ponto encerraram-se as semelhanças com a terrinha.